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O Brasil envelheceu

  • Foto do escritor: Orlando Menezes
    Orlando Menezes
  • 22 de mai. de 2020
  • 4 min de leitura

Atualizado: 24 de mai. de 2020

O país está mais velho. Sua população, também. Para conviver melhor com essa história, é preciso enxergar melhor a terceira idade.


No ano 2000 nosso país possuía uma população de 175 milhões de habitantes. Entre esses habitantes, 14 milhões eram idosos, ou seja: 8,5% do total. Hoje, essa população específica passou para 29,3 milhões (14,3%). Há ainda uma tendência estatística de que nas próximas décadas, essa população dobre (IBGE). Em 2030 se espera que a quantidade de idosos ultrapassará, a de brasileiros até 14 anos de idade.


É de se prever que em torno de 2047 teremos a proporção de um idoso com 65 anos para cada um não-idoso no Brasil. Esse crescimento representativo da população de idosos se apresenta não só em nosso país, mas no mundo inteiro. Um dos fatores que podem explicar tal fato é a redução da taxa de fecundidade, que representa a diminuição do número de nascimentos e está atrelada a motivos sociobiológicos.


O aumento da população de idosos também depende da extensão da sua expectativa de vida. No Brasil hoje, essa longevidade é de 80 anos para a mulher e de 73 anos para o homem. De acordo com fatores diferenciais como socioculturais regionais e climáticos, há estudos que apontam controvérsias em relação a isso.


É certo que o Brasil está crescendo junto com a sua população. Isso mostra que o país precisa continuar a se manter e a se desenvolver. Assim sendo, é normal entender que a pessoa idosa precisa participar desse desenvolvimento, de forma inclusiva e interativa, da mesma forma que as crianças precisam de educação e atenção.


Estudos e pesquisas mostram que o cidadãos e cidadãs da terceira idade estão vivendo mais, porém, não está vivendo melhor. Se por um lado, está vivendo com menos precariedades no dia a dia, principalmente na área rural, por outro sofre graves problemas de caráter assistencial social e da saúde.


A História mostra que o Brasil passou a olhar melhor a terceira idade a partir da constituição de 1988, que garantiu direito a solidariedade a esse grupo social. Com ela veio a possibilidade de uma qualidade de vida melhor, que pressupõe saúde, trabalho, assistência social, educação, cultura, esporte, habitação e meios de transporte dignos e adaptados.


A Política Nacional do Idoso (1994) reforçou o que definia teoricamente a Constituição. Apenas nove anos depois, o Estatuto da Pessoa Idosa assegurou todos os Direitos Constitucionais. Isso garantiu principalmente a obrigação dos filhos em relação a proteção e cuidados com os idosos e idosas da família.


Mesmo hoje, contando com os direitos sócio-políticos a seu favor, a vida da pessoa da terceira idade não é fácil. Sabemos que o abandono familiar, gerado quando os filhos crescem e conquistam a independência financeira, é um fator muito forte a ser considerado.


É notório que a falta dos filhos, associada a problemas de saúde decorrentes do desgaste do tempo, conduzem à instabilidade no equilíbrio corporal, perda auditiva e de visão. Tudo isso deixa a qualidade de vida cada vez mais precária com o tempo.


Apesar de todos os percalços que chegam com o avançar da idade, os maiores de 60 anos, trazem consigo uma bela experiência de vida, memória cultural respeitável, sensibilidade e carinho para ensinar a quem lhes dê atenção.



Por todos os aspectos positivos apresentados, o idosos e idosas hoje demonstra cada vez mais que, ao contrário do que impõe as leis, o exercício do trabalho na terceira idade deve ser uma opção pessoal. O novo idoso tem mostrado que a sua integração no meio social e a revalorização do seu trabalho já é um fato normal.


Estudos sociais mostram que, entre quatro pessoas idosas, uma participa de atividades sociais. O voluntariado social entre eles tem se tornado comum. Outra informação importante é que a proporção de pessoas da terceira idade que deixaram de trabalhar, após a aposentadoria oficial vem caindo com o tempo.


No Brasil já se admite que o interesse das empresas por trabalhadores com mais de 60 anos está aumentando proporcionalmente ao interesse desses em voltar ao trabalho. Podemos dizer, de acordo com a ciência e a pesquisa social, que os idosos alcançam melhoras em sua autoestima através da participação em atividades sociais e também ao trabalhar, seja de forma voluntária ou não.


Tais ações também previnem doenças neurológicas, aumentam a autoconfiança e combatem o isolamento social, estimulando a interação humana. Em resumo, o exercício do trabalho e a participação em outras atividades sociais trazem diversos ganhos aos integrantes da terceira idade, mantendo ativos cérebro e corpo de diversas formas.


É significante dizer que pessoas com visões positivas da velhice tendem a viver mais e com melhor saúde física e mental. Sendo assim é importante dizer que "Quando a velhice passar a ser vista como uma fase da vida e não como uma doença, os idosos passarão a ser tratados como merecem".


Estudos comprovam que o contato significativo entre jovens e idosos pode derrubar o estereótipo negativo que ronda a terceira idade. No Brasil, devemos pensar como em alguns países mais esclarecidos, olhando para a pessoa idosa com mais atenção, carinho e respeito. Não podemos continuar pensando que o Dia do idoso é apenas o Dia 01 de outubro.


A terceira idade deve ser considerada como um prêmio muito justo, a ser concedido àquelas pessoas que se dedicaram a outras, fizeram história, construíram o passado, produziram conhecimentos, protegeram e educaram. Essas pessoas merecem, portanto, atenção e respeito de todos, pois seus legados nunca envelhecem. Elas precisam também participar do presente e continuar ensinando e fazendo.



Fontes:


Idosos indicam caminhos para uma melhor Idade (Agência de Notícias IBGE, 19/3/2019) Disponível em: agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/24036-idosos-indicam-caminhos-para-uma-melhor-idade


Estimativa da população do Brasil passa de 210 milhões de pessoas (Correio Braziliense, 28/08/2019)


Número de Idosos Cresce 18% no Brasil (IPEMED, 27/3/2019)


População idosa no Brasil cresce 26% em seis anos (Valor Econômico, 22/5/2019)


Brasileiros com 65 anos ou mais são 10,53% da população, diz FGV (Agência Brasil, 8/4/2020)


Em 2030, Brasil terá a 5ª população mais idosa do mundo (Jornal da USP, 07/06/2018)

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