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Nosso exército da saúde e a COVID-19

  • Foto do escritor: Orlando Menezes
    Orlando Menezes
  • 4 de jun. de 2020
  • 7 min de leitura

Atualizado: 24 de jun. de 2020

Eles estão de branco, de verde ou de azul e são a valorosa linha de frente na luta contra a pandemia.


"(...) juro: Dedicar minha vida profissional a serviço da humanidade, respeitando a dignidade e os direitos da pessoa humana.

A citação acima faz parte do juramento da enfermagem e demonstra os valores que formam a base da atuação dos profissionais de saúde.


Podemos dizer, com consciência e certeza, que esses valores têm estado presentes na prática geral dos profissionais que lidam todos os dias, na linha de frente contra a doença e em favor da vida, no Brasil e no mundo.


De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) a palavra saúde é definida como "O estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente a ausência de afecções e enfermidades".


Se formos considerar ao pé da letra a definição oficial do termo no seu contexto geral, somos forçados a concluir que nenhum ser humano é saudável. Isso porque são muitos os parâmetros a serem considerados e harmonizados.


Percebemos hoje, no Brasil e no mundo, que as estruturas ambientais urbanas induzem a produção de populações mais vulneráveis às doenças e portanto, fáceis de adoecer. Essas doenças, muitas vezes, poderiam ser superadas simplesmente, pelo sistema imunológico humano.


Estudos científicos têm provado que o aumento da diversidade de doenças, a vulnerabilidade do corpo humano e o surgimento de agentes infecciosos mais severos e resistentes são aspectos relevantes em saúde pública em todo o mundo. Isso tem exigido respostas significativas por parte dos serviços de saúde.


As doenças contagiosas têm provocado ao longo do tempo, no ponto de vista epidemiológico, mudanças importantes em todos os países. O vírus Influenza H1N1 e o novo coronavírus têm desafiado os Programas de Prevenção em Saúde.



A nossa realidade realidade cultural e social é forte e influencia também o trabalho dos profissionais de saúde. Dessa forma, esse exército da linha de frente, que trava a batalha contra a doença e a favor da saúde, fica refém do adoecimento.


Tanto pesquisas da área social e trabalhista como estudos científicos focados em hospitais de urgências e emergências revelam resultados preocupantes em relação à saúde dos trabalhadores nessas unidades de atendimento. Em casos de Pandemia, a situação se torna ainda mais grave.


Já se observou que fatores como esgotamento profissional e tensão emocional crônica associados ao alto risco de contaminação por agentes patológicos contribuem para gerar níveis altos de depressão e ansiedade. A OMS reconhece essa situação como real.


Os profissionais de saúde estão sujeitos a Síndrome de Burnout, que tem como causas a carga excessiva de trabalho e a presença do trabalhador por mais tempo que o normal nos locais de trabalho.


Resultados de pesquisas feitas com os profissionais de saúde confirmam os efeitos relacionados a desgaste físico e mental, nos hospitais, ambulatórios e ambulâncias. São consequências dessa situação: o estresse, a hipertensão, os problemas gastrointestinais, fadiga e sono fora do normal.


Atualmente, diante da Pandemia da covid-19 ou sars-cov-2, uma batalha ainda maior está sendo enfrentada pelo exército da saúde, na linha de frente, ou seja; nas unidades de pronto-atendimento, assistindo às pessoas infectadas. Estão combatendo uma ameaça invisível e severa, o novo coronavírus.


A Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars-cov-2) demonstra ao mundo científico, uma capacidade de contágio maior, em relação a outros patógenos já conhecidos pela ciência. As estatísticas da OMS mostram que, em 31 de maio, o número de pessoas infectadas pela doença no mundo chegou a mais de 6 milhões. Cerca de 380 mil não resistiram à patogenicidade viral.


No Brasil, até o final de maio, mais de 500 mil pessoas foram infectadas e mais de 29 mil morreram. Infelizmente nosso país hoje, ocupa o 2º lugar no ranking mundial negativo. Seguimos uma tendência contrária da maioria dos países com muitos casos da doença. Vivemos uma situação de alerta.


No mundo, de acordo com dados do mês de abril da OMS, 90 mil profissionais de saúde foram contaminados pelo coronavírus. Muitos, infelizmente, chegaram a morrer enquanto cumpriam seu juramento. No Brasil, o número de infectados desse grupo é de cerca de 32 mil profissionais foram infectados. Em Pernambuco, um dos estados mais atingidos do país, até 1º de junho foram notificados 10 mil profissionais da saúde infectados.



Atualmente, nas emergências, UTIs e ambulâncias o peso físico dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) é bem maior. Grande também é o peso mental pela possibilidade de contaminação, já que a carga viral nesses ambientes é maior. É bom lembrar a falta ou mal uso do equipamento de proteção individual, um fator importante, pois pode definir o adoecimento dos profissionais.


Entre as dificuldades técnicas relatadas pelos profissionais de saúde na linha de frente estão a superlotação das UPAs e Hospitais, a difícil locomoção e busca de internação hospitalar e a falta e disponibilidade reduzida de equipamentos essenciais como respiradores mecânicos.


A testagem para detecção viral entre os profissionais de saúde e também para os pacientes é uma dificuldade a ser considerada. A sua indisponibilidade, operacionalidade e emissão de resultado, dificultam a recuperação do doente, pois a ação do coronavírus no corpo é bem mais rápida que o resultado do exame.


Ilustração: Russell Tate / Retirada de: @unitednations, no Unsplash


No ponto de vista psicológico é importante ressaltar algumas atitudes que envolvem o relacionamento humano nos ambientes hospitalares. Estudos comprovam que o reconhecimento profissional, o companheirismo, o respeito e a ajuda no trabalho dão prazer e melhoram a auto-estima.


Atitudes positivas entre as pessoas são importantes porque ajudam a superar situações que produzem sofrimento e tristeza. Também ajudam a prevenir o adoecimento psíquico e clínico.


É necessário e urgente fazermos benefícios ao trabalho e à vida dos profissionais da saúde no trabalho contra as doenças. Estamos falando de atenção e respeito, palavras transformadas em atitudes de valorização do seu trabalho e principalmente segurança pessoal.


São importantes a auto-monitoração, ajuda e atenção entre os trabalhadores da saúde. A criação de espaços físicos e momentos sociais, que sirvam para reduzir sinais e sintomas que levam à ansiedade e depressão, são fundamentais numa unidade de saúde. A ideia é barrar o adoecimento de quem precisa está sadio para cuidar dos pacientes.



O reconhecimento da importância dos profissionais de saúde é indiscutível, necessária e saudável. Recentemente uma demonstração desse respeito e consideração teve repercussão global. No território do Amapá, um maestro e sua orquestra homenagearam, com música, esse exército da saúde.


Após uma apresentação humilde, respeitosa e solidária, o maestro SINEY S. DE MOURA disse à imprensa:


"Hoje, tiramos um pouquinho do nosso dia, para homenagear vocês com um pouco de música. Obrigado por tudo."

Por ironia, esse respeitável cidadão brasileiro veio a falecer um mês depois da homenagem, vítima da covid-19.


Nossa sincera e respeitosa homenagem a esse grande músico, que com certeza representou todos nós com essa atitude. Certamente deixou um grande legado à ser seguido. Um deles, a valorização profissional.


É bom lembrar que, todos nós devemos ter consciência de que podemos nos proteger dos agentes patogênicos, se aprendermos e tentarmos levar uma vida mais regrada e saudável. O isolamento social preventivo, embora difícil, é fundamental. É possível que modificações nas nossas relações pessoais e sociais precisem mudar.


É importante que façamos nossa parte na luta contra as doenças e a morte. Isolamento para conter epidemias e pandemias é importante. Assim procedendo, contribuiremos para proteger a nossa vida, da população e dos profissionais que cuidam da saúde de todos.


O texto foi iniciado com uma parte do juramento profissional de pessoas especiais que usam no seu trabalho, jalecos brancos, verdes ou azuis. O juramento do médico, uma dessas classes de profissionais diz:


"Não deixarei de exercer meu dever de tratar um paciente em função da sua idade, doença, etnia, sexo e condições sociais ou econômicas. Terei respeito absoluto pela vida humana."

Obrigado e Parabéns, médicas(os), enfermeiros(as), auxiliares e técnicos(as) de enfermagem, terapeutas e biomédicos. Vocês formam a linha de frente contra as doenças em geral. Também merecem nossa consideração e respeito os funcionários da higiene e limpeza, da nutrição e cozinha, da farmácia, da recepção e maqueiros, motoristas, agentes de segurança, de manutenção, de saúde e outros que desempenhem alguma função no meio.


Só podemos desejar SAÚDE, a todos os profissionais ligados à saúde, e também dizer que a população em geral reconhece a importância desse exército da saúde que nos ajuda na linha de frente contra a covid-19 e as doenças em geral. Sem vocês, os Hospitais, ambulatórios, UPAs e SAMU não funcionariam e a população ficaria sem a assistência que precisa e merece.


Cuidem-se! Tenham fé em Deus e acreditem nos homens de boa vontade que vêem a saúde como um assunto sério e que deve ser tratado como tal.


Deixo também uma homenagem final e silenciosa àqueles profissionais que lidam com a saúde e que não conseguiram resistir aos riscos de um trabalho repleto de desafios, mas honrada e valorosa.



Fontes:


ROSADO, Iana Vasconcelos Moreira; RUSSO, Gláucia Helena Araújo; MAIA, Eulália Maria Chaves. Produzir saúde suscita adoecimento? As contradições do trabalho em hospitais públicos de urgência e emergência. Scielo, 2015. Disponível em: <https://www.scielosp.org/article/csc/2015.v20n10/3021-3032/>. Acesso em: 31 de maio de 2020


No Brasil, 31.790 profissionais de saúde contraíram covid-19. Agência Brasil, 2020. Disponível em: <https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2020-05/no-brasil-31790-profissionais-de-saude-contrairam-covid-19>. Acesso em: 31 de maio de 2020.


Profissionais de saúde infectados pela Covid-19 relatam dificuldades e desafios na pandemia. G1, 2020. Disponível em: <https://g1.globo.com/pe/pernambuco/noticia/2020/04/28/profissionais-de-saude-infectados-pela-covid-19-relatam-dificuldades-e-desafios-na-pandemia.ghtml>. Acesso em: 02 de Junho de 2020.


Profissionais e gestores de saúde. Ministério da Saúde. Disponível em: <https://coronavirus.saude.gov.br/profissional-gestor> Acesso em: 01 de Junho de 2020.

Pernambuco tem quase 10 mil profissionais de saúde infectados por Covid-19. Diário de Pernambuco, 2020. Disponível em <https://www.diariodepernambuco.com.br/noticia/vidaurbana/2020/06/pernambuco-tem-quase-10-mil-profissionais-de-saude-infectados-por-covi.html>. Acesso em: 01 de junho de 2020.



Profissionais da área de saúde e as entidades de atendimento médico-hospitalar emergencial diante do CDC, da CF/1988, do CP e do CC. Jus.com.br, 2014. Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/30746/profissionais-da-area-de-saude-e-as-entidades-de-atendimento-medico-hospitalar-emergencial-diante-do-cdc-da-cf-1988-do-cp-e-do-cc>. Acesso em 31 de Maio de 2020.



Coronavírus: por que a covid-19 afeta tanto os profissionais de saúde?. BBC News Brasil, 2020. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/internacional-52119508>. Acesso em: 28 de Maio de 2020.


Maestro morre com covid-19 um mês após homenagear profissionais da saúde. UOL, 2020. Disponível em: <https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2020/05/16/maestro-morre-com-covid-19-um-mes-apos-homenagear-profissionais-da-saude.htm?cmpid=copiaecola>. Acesso em: 29 de Maio de 2020.


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