Vida após os 60: como o idoso pode continuar interagindo socialmente com dignidade?
- Orlando Menezes
- 5 de nov. de 2020
- 10 min de leitura
No post de hoje, discutimos as dificuldades enfrentadas pelos idosos e como

Ao começar esse post é necessário fazer um resumo interessante sobre os caminhos da senescência e senilidade. È comum associar a senescência a um processo natural de envelhecimento que se inicia a partir do nascimento do indivíduo. A senilidade corresponde ao envelhecimento patológico, que traz consigo o envelhecimento cerebral, acompanhado de limitações e disfunções gerais.
A partir do nascimento, os seres vivos iniciam a contagem regressiva para seu envelhecimento. No caso dos seres humanos, as mudanças psíquicas e físicas acontecem através das fases da vida. Essa fase da vida traz consigo um declínio na realização das funções dos órgãos e sistemas do corpo. Entre elas, a capacidade de realizar atividades psicomotoras, a memória e a resistência física.

Longevidade e expectativa de vida nos dias atuais

Em relação à longevidade, sabe-se que ela depende de fatores como: estilo de vida, hereditariedade, fatores econômicos, psicológicos e ambientais. Esses fatores, juntos ou isoladamente podem fazem a diferença.
Pesquisas mostram que no Brasil, a expectativa de vida do ser humano tem aumentado. De acordo com o IBGE, é de 72,8 anos para os homens e 79,9 anos para as mulheres. Infelizmente porém, se sabe que a pessoa idosa não está vivendo melhor. Vive com menos precariedades no dia a dia, porém sofre com a instabilidade social e de saúde.
Os fatores condicionantes de longevidade são importantes para uma avaliação geriátrica de uma pessoa. A partir daí são recomendados cuidados fisioterapêuticos, psicoterapêuticos e socioassistenciais. Todos esses aspectos, inerentes do dia a dia do (a) idoso (a), devem portanto, ser observados e considerados pela família e pela sociedade.
É importante considerar também, que o processo de envelhecimento difere de uma pessoa para outra. A chegada e a continuidade da meia-idade pode se dar de forma saudável, em alguns casos. Em outras pessoas, podem estar associadas a acontecimentos incapacitantes ou doenças debilitantes.
Para o (a) idoso (a) é importante entender o processo de envelhecimento e conviver com ele da melhor forma possível. Para a família e comunidade, é fundamental manter, respeitar e estimular a autonomia das pessoas da terceira idade.
É certo que a população a população do Brasil está envelhecendo rapidamente. Sabe-se que as pessoas com idade acima de 60 anos precisam continuar se mantendo e necessitam ser incluídas e interagir socialmente.
Devemos acreditar no avanço da expectativa de vida e que, os avanços tecnológicos e da medicina sejam os principais responsáveis por isso. Outros fatores porém, contribuem com a melhoria dessa expectativa, como o aumento do consumo e o acesso ao saneamento básico pela população.
Resta à população na fase de envelhecimento, a busca por uma boa qualidade de vida. Essa população precisa ser estimulada a treinar sua capacidades. Dessa forma poderão preservar a atividade cerebral e suas funcionalidades psicomotoras e manter uma melhor interação social.
O envelhecimento e suas dificuldades

A OMS diz que o envelhecimento tem quatro estágios: meia-idade (45 a 59 anos), idoso(a) (60 a 74 anos), ancião (75 a 90 anos) e velho, a partir de 90 anos. Diz também que a população acima de 60 anos triplicará até 2050 no Brasil e duplicará no mundo, até o mesmo ano.
Infelizmente o envelhecimento traz consigo um preconceito e estereótipo. Identifica uma fase de vida de acontecimentos negativos. Para grande parte da sociedade, essa fase dá a impressão de incapacidade, improdutividade e infelicidade.
Nossa cultura do passado tinha a pessoa idosa como uma pessoa experiente e com muito a ensinar. Portanto, digno de respeito. Atualmente nossa cultura tende a dá valor a jovialidade, corpo perfeito e belo. As pessoas têm valor pelo que produzem e aparentam. Nesse contexto, parte da sociedade considera as pessoas idosas como incômodas e dependentes.
A velhice pode ser um momento bem difícil para aqueles que não conseguem se adaptar às mudanças que essa fase da vida traz. Uma das dificuldades dessa fase é o sentimento de angústia que acompanha as perdas e o declínio social e psicossomático. A ideia da aposentadoria no trabalho produtivo, chega ao iniciante do envelhecimento como um fantasma a aterrorizar.
Fazendo uma análise social podemos dizer que, a depressão, comum na fase de envelhecimento, relaciona-se a fatores como idade, lutos, perdas ao longo do caminho e preocupações familiares. A sua dependência, em relação ao familiares e a falta de apoio por parte deles, gera ansiedade, tristeza, apatia e prejuízos somáticos.
O benefício do bom convívio entre gerações

A relação de protagonismo entre idoso(a) e envelhecimento estabelece uma estabilidade entre ganhos e perdas. É o resultado de um ciclo de vida. É importante entender que é a tendência natural da vida e que todos passaremos por essa fase.
Os especialistas em comportamento humano alertam e sugerem que o convívio entre pessoas jovens e idosas é importante. Seja na família ou no ambiente de trabalho, essa relação ajuda a reduzir o isolamento social. Para a pessoa idosa, a geração de bem-estar e aumento de expectativa de vida.
O papel da família do idoso(a) é importante nas diferentes fases de envelhecimento. Ela deve proporcionar estimulação da convivência saudável entre as gerações. A interação com pessoas conhecidas atua de forma positiva como estímulo cognitivo.
A solidariedade intergeracional vem evoluindo em países desenvolvidos como Itália e Japão. É preciso no Brasil, pensar que a Educação na infância deve incluir o efetivo respeito ao envelhecimento. Esse respeito precisa transformar a pessoa da terceira idade em um amigo, que precisa de atenção e cuidados.
Alternativas para promoção da qualidade de vida dos idosos

É do interesse de todos a vivência de um envelhecimento saudável. Para tal, ele precisa incluir uma ampliação do sentimento de autoeficacia, a manutenção da capacidade funcional, da habilidade social e uma boa qualidade de vida. Algumas medidas são importantes para uma vida mais ativa e melhor. Entre elas, a participação em grupos de turismo, religiosos, de exercícios físicos e de lazer.
Estudos e pesquisas mostram que, idosos com boas visões políticas em relação à velhice, tendem a viver esse período com melhor saúde física e mental. Isso nos leva a refletir sobre: “quando a velhice passar a ser vista como uma doença, os idosos (as) serão tratados como merecem”.
Nossa sociedade moderna criou uma alternativa socioeducacional muito importante em benefício do envelhecimento humano. Uma profissão cujos requisitos: amor, dedicação e paciência, lutam juntos contra os desafios que o envelhecimento impõe. Estamos falando do (a) cuidador (a) de pessoas idosas. Cabe a esse profissional, buscar alternativas de atividades e exercícios estimulativos em benefício do idoso(a).
O objetivo principal dos cuidadores e cuidadoras é permitir e incentivar a pessoa idosa a praticar atividades necessárias do dia a dia. Algumas das atividades supervisionadas pelo cuidador são o incentivo a leitura e a estimulação visual e de memória, através da visualização de álbuns de fotografias. Esse trabalho, que pode ser feito também por um membro da família, são importantes pois auxiliam na manutenção e aumento da capacidade cognitiva do assistido.
Sabe-se que o idoso ou idosa ativos socialmente têm seu ego melhorado, mantendo ativos corpo e mente. Sua autoconfiança aumenta. Sua interação no dia a dia tende a afastar as doenças neurológicas.
Foi comentado anteriormente nesse post que a Tecnologia, a Medicina, a Família e cuidadores têm ajudado as pessoas da terceira idade no desafio de uma vida mais saudável e melhor. Todos esses agentes podem utilizar atividades e exercícios que busquem a Estimulação Cognitiva e Motora em idosos e idosas (ECM).
A ECM é um método dinâmico e lúdico que visa a melhoria no desenvolvimento cognitivo e motor de quem participa do processo. Com isso a pessoa idosa adquire melhor performance na execução de suas atividades. O método desenvolve ou mantém habilidades como: atenção, concentração, aprendizagem, agilidade, raciocínio lógico, equilíbrio e coordenação motora e fina. Também permite independência funcional e melhoria de mobilidade, gerando boa qualidade de vida.
Em outra postagem reunimos algumas dicas de atividades e exercícios relacionadas às atividades relacionadas as habilidade citadas no parágrafo acima e fotos dessas atividades. Espero que sejam úteis.
Direitos da pessoa idosa no Brasil

Se faz necessário e oportuno incluir nesse post um breve histórico de questões legais sobre os direitos da pessoa idosa em nosso país.
Os direitos da pessoa idosa no Brasil vêm sendo evidenciados legalmente a partir da constituição de 1988. O artigo 230, dispõe: A Família, A Sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida.
A CF/1988 foi importante em relação ao respeito ao idoso. Deu ênfase, em seus dois parágrafos, a gratuidade nos transportes coletivos urbanos e a criação de programas de amparo ao idoso. Serviu de base para o ministério público federal atender melhor essa parte da população, através de ações civis públicas e das medidas de proteção. Dessa forma, os idosos passaram a ser defendidos pelo MPF, em questões fundamentais como: saúde, educação, trabalho, acessibilidade, lazer e cultura.
O Brasil avançou mais em relação a senilidade de seus cidadãos em 1994. A lei 8.842 criou A Política Nacional do Idoso (PNI), com ênfase para os artigos 1º, 2º e 3º:
Art. 1º- A Política tem como objetivo assegurar os direitos sociais do idoso, criando condições para promover sua autonomia, integração e participação efetiva na sociedade.
Art. 2º- Considera-se idoso, para os efeitos desta lei, a pessoa maior de sessenta anos.
Art. 3º- Princípio III- A PNI . O idoso não deve sofrer discriminação de qualquer natureza.
Todos eles são regidos por princípio correspondente ao art. 230 da CF.
Em 2003, o Brasil conheceu a lei 10.741, também chamada de Estatuto do Idoso. Ela atualiza o artigo 230 da CF e o Princípio I da Política Nacional do Idoso, com o seguinte texto: É obrigação da Família, da Comunidade, da Sociedade e Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária.
O Estatuto do Idoso veio regular os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior a sessenta anos. Em última análise, pode-se dizer que são muitos os direitos socioculturais da população senil no Brasil. Eles são devidos ao poder público, à família e à sociedade.
Em relação ao poder público, é direito do idoso(a): participar de programas educacionais específicos da idade; participar de processos de produção, reelaboração de bens culturais; ter seu conhecimento e experiência valorizados, registrados e transmitidos, garantindo assim, a preservação da cultura.
Em relação à Família é direito do idoso(a): ter amparo, principalmente por parte dos familiares mais próximos, garantindo-lhe direito à vida. Ser assistido(a) pelos filhos maiores, na carência e enfermidades. Ter condições de acesso aos bens culturais, participação e integração na comunidade. Ter condições de vida apropriada, preferencialmente junto à família; ter apoio nos momentos de exercer sua autonomia e liberdade.
Desde 1988 que, no nosso país é assegurado à pessoa idosa direitos constitucionais e respeito, garantindo principalmente a obrigação dos filhos em relação à proteção e cuidados em relação a eles.
Embora tenha a legislação a seu favor, sabe-se que o abandono familiar é um fato. Os filhos crescem e conquistam a independência social e financeira, se afastando do convívio com os pais senis. O afastamento dos filhos, associado a problemas clínicos, de mobilidade e de imunidade; decorrentes do desgaste do tempo, conduzem a instabilidade emocional, deixando a qualidade de vida cada vez mais precária.
Apesar dos percalços da idade como desequilíbrio corporal, perda auditiva e de visão o idoso(a) traz consigo, experiência de vida, memória cultural respeitável, sensibilidade e carinho. Conscientes disso, atualmente muitos empresários estão contratando pessoas da terceira idade, com suas experiências de vida e sabedoria para transformar o seu tempo em trabalho social.
Construindo uma sociedade melhor para os idosos

Na sociedade em que vivemos, a maioria das pessoas não deseja envelhecer. Por conta disso, demonstra preconceito contra o envelhecimento. Para essa parte da população, ser idoso(a) significa ser fraco, dá trabalho e está cansado para tudo. Esse pensamento gera a falta de reconhecimento social.
Infelizmente, cenas de maus tratos e desrespeito, em relação às pessoas da terceira idade, são frequentes no nosso país. Essas atitudes negativas ocorrem por parte do Público, da Família e da Sociedade em geral.
Em resumo, o que o poder público, a família e a sociedade precisam entender é que os quatro estágios do envelhecimento; meia-idade, idoso (a), ancião (ã) e velho (a), são fases naturais da vida de todo ser humano. O básico portanto é se preparar para elas e enfrentá-las de forma saudável, mantendo a autoestima.
As estatísticas mostram que a população senil está aumentando cada vez mais. É preciso mudar atitudes educacionais, para todos vivermos melhor. Devemos aprender a olhar o envelhecimento com mais atenção, respeito e naturalidade.
A sociedade em geral tem o seu compromisso com todas as fases do envelhecimento. Não podemos continuar pensando que o Dia Nacional do Idoso(a) é apenas uma data no calendário, 27 de setembro.
Celebração de uma pessoa idosa querida: Lucila Gabriel da Silva

Para ilustrar este post, vou contar a história da família Costa Menezes. Essa família, iniciada pelo casal Maurício Menezes (Decente) e Adail da Costa (Dadá), contaram com a companhia da ainda jovem, Lucila Gabriel da Silva, a quem ajudaram socialmente. O tempo passou, os filhos do casal nasceram e Lucila passou a ser parte da família. Ajudou a cuidar dos filhos do casal como se fossem seus.
O Sr. Maurício e a Dona Dadá, já falecidos, reconheceram, agradeceram e homenagearam no passado, sua fiel amiga e mãe educacional e social Lucila Gabriel da Silva. Lucila dedicou sua vida à família Costa Menezes. Como mãe auxiliar dos doze filhos da família, os acompanhou desde o período embrionário até saírem da casa dos pais.
Dona Lucila ajudou na harmonização da família, recebendo em troca a consideração de toda a família e das gerações seguintes. Os matriarcas da família agradeceram no passado. Os filhos tiveram até hoje bons motivos para agradecer.
Hoje, 2020, a atual matriarca da família, Regina da Costa Menezes Wanderley e o irmão Maurício Lopes de Menezes Filho, a acompanham diariamente, mais de perto, no auge de sua terceira idade.
Atualmente, os outros "filhos adotivos" também a observam com atenção a meia distância. Quase todos, pois aquele que a conheceu a mais tempo que os outros, Luiz Carlos, nos deixou. Seguiu o chamado do divino, deixando saudades. Estamos superando a perda, porém entendemos que é o final de caminhada de todos nós.
Aos 87 anos, na 3º fase (anciã) da última etapa da vida (velhice), de acordo com os cientistas e psicólogos, Lucila se mantém bem, graças a DEUS e aos cuidados dos filhos adotivos. Como boa e saudável idosa , às vezes tenta fazer o que não deve, testando a paciência de Regina e de Maurício.
Os filhos adotivos da família, aproveitando a boa saúde e versatilidade de Lucila, estão juntos proporcionando a ela, a oportunidade de se manter ativa e interativa com outras pessoas e ambientes. Ela dispõe de um conjunto de jogos e atividade cognitivo-motoras utilizadas diariamente.
Lucila realizando suas atividades cognitivo-motoras
Lucila Gabriel da Silva, embora aniversarie no dia do Halloween, não está nem aí para bruxas e assombrações. Ela achou pouco os Doze filhos que ajudou a cuidar, resolveu adotar um cachorro para chamar de "meu filho". Tem coração maior?
Auxiliada pelos filhos que criou, Lucila utiliza seu acervo cognitivo-motor para se manter bem, clínica e fisicamente, mantendo seu bom humor. As atividades lúdicas que faz, a ajuda a passar o tempo e viver a vida.
Lucila é uma das muitas pessoas idosas que conhecemos ou que não conhecemos, que têm história parecida. Merecem portanto, Respeito, gratidão e carinho. Vamos incentivar nossos idosos a viver.
Para mostrar que não é difícil demonstrar atenção, carinho e amor, e dedicar tempo aqueles que nos deram tudo isso, vamos homenagear Lucila Gabriel da Silva e todos os idosos com umas fotos dela em plena atividade e interagindo com as pessoas.
Parabéns Lucila. Obrigado.
Conclusões
Encerrando esse Post, não nos custa lembrar: “As pessoas chamadas da terceira idade merecem respeito. Elas construíram história, produziram conhecimentos, protegeram e educaram. Agora, durante o envelhecimento, precisam continuar interagindo com a vida e com as outras pessoas a quem deram atenção, respeito e amor".
Fontes:
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