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Parque de Dois Irmãos: Patrimônio Natural e Histórico dos Pernambucanos

  • Foto do escritor: Orlando Menezes
    Orlando Menezes
  • 6 de ago. de 2020
  • 6 min de leitura

Vamos conhecer mais sobre o Parque de Dois Irmãos, uma injeção de natureza necessária a todos

Imagem da entrada da área do parque aberta à visitação (Foto: Foto de autoria própria)


Se você é de Recife ou dos arredores, provavelmente já ouviu falar do Parque de Dois Irmãos. O local é um destino certo na lista de férias de muitas famílias e é uma ótima oportunidade de se divertir e ter mais contato com a natureza.


Por conta da atual pandemia pela qual estamos passando o Parque, assim como diversas outras opções de lazer, está fechado temporariamente. Pensando nisso, trazemos um post especial sobre o Dois Irmãos, para matar um pouquinho da saudade de quem já é visitante habitual e motivar você, que não costuma ir ao Parque, a vê-lo, assim que ele for reaberto e for seguro voltarmos . Mas, enquanto isso não acontece, #FiqueEmCasa e acompanhe as belezas e a importância do parque de longe, através desse post!


Via principal da área antrópica (Foto: Zoo.logico/Flickr)


História


O “Dois Irmãos” tem uma longa história de preservação à natureza e prestação de serviços aos visitantes. Teve seu início como Horto de Dois Irmãos, em 1916, passou a ser Jardim Botânico em 1935 e foi transferido para a categoria de Reserva Biológica em 1987.


Esse nosso Patrimônio Natural e Histórico é reconhecido hoje como Unidade de Conservação (UC) e classificado como Parque Estadual. É considerado área de proteção integral, destinada à pesquisa científica, ecoturismo, visitação pedagógica e de lazer.


O parque tem como coordenação o Sistema Estadual de Unidades de Conservação (SEUC). Em 1998 o SEUC considerou algumas características importantes para tornar o Parque uma Unidade de Conservação, entre elas, sua beleza cênica e a importância ecológica dos seus ecossistemas naturais.


Características


Alguns exemplos de áreas abertas ao público do Parque. Elas permitem contato com a natureza e também oportunidades pedagógicas muito ricas (Foto: Foto de autoria própria)


A Unidade de Conservação Parque Estadual de Dois Irmãos (UCPEDI) proporciona à população visitante: ar puro, trilhas ecológicas orientadas, conhecimentos científicos e atividades didáticas em Educação Ambiental.


A UCPEDI é uma das maiores áreas de Mata Atlântica do Estado. A partir de 2017 passou a ter 1,158 hectares, pois incorporou 771 com a fusão da UC ALDEIA - BEBERIBE. Possui floresta densa, com árvores altas como mamanjuba, visgueiro e sapucaia. O terreno do Parque é irregular, com altitude que variável entre 10 e 107 m.


Alguns exemplos da vegetação local (Foto de autoria própria)


A temperatura média mensal do Parque fica entre 18ºC e 23ºC e o mesmo tem clima quente-úmido. Possui um terreno de planícies alagáveis e a pluviosidade anual no local fica em 2.460 mm. A incidência de luz solar é considerada pequena, por se tratar de floresta densa.


O parque conserva uma microbacia hidrográfica com quatro açudes. Os Açudes do Prata e de Dentro, com vegetação submersa, mantêm uma relação harmoniosa entre sua fauna e sua flora, mantendo-se livre de poluição. Os Açudes do Meio e de Dois Irmãos, por sua vez, demonstram sinais de desequilíbrio, inclusive com a presença de peixes exóticos.


Foto do Açude do Meio, um dos quatro localizados no Parque (Foto de autoria própria)


A UCPEDI possui um Conselho Gestor Multi-institucional. Dele fazem parte universidades e outras instituições públicas estaduais e representações populares. O órgão gestor técnico federal é a CPRH (Agência Estadual de Meio-Ambiente). O Dois Irmãos possui uma estrutura baseada em sistema de zoneamento com quatro zonas, com atividades específicas distintas.


Mapa do parque destacando a ZUA - Zona de Uso Antrópico, onde está localizado o zoológico (Foto: Zoo.logico/Flickr)


Estrutura aberta ao público e uso pedagógico


Exemplo de área de convivência do parque (Foto de autoria própria)


A Zona que mantém interação direta com o ser humano visitante é chamada de Zona de Uso Antrópico - ZUA. Nela acontece a visita ao Zoológico, ao Museu de História Natural, ao Centro Vasconcelos Sobrinho (Educação Ambiental) e também são realizadas as Trilhas Ecológicas.


Na ZUA é disponibilizada para interação visual uma área zoobotânica com 14 hectares. Nela, são abrigados em torno de 700 animais, de cerca de 150 espécies, das cinco classes de vertebrados. Do lado botânico são apreciados: carpoteca, espermateca, viveiro e amostras de troncos de espécies florestais do parque.


Alguns viveiros encontrados no zoológico do Parque (Foto de autoria própria)


A relação da UC com o ensino e as atividades educativas tem acontecido durante todo o ano através de eventos, obedecendo um calendário ecológico-pedagógico. Nas programações do Parque constam: Exposições Temáticas, Visitas Monitoradas ao Museu e as Trilhas Ecológicas com coordenação técnica.


O Centro Vasconcelos Sobrinho promove a Socialização dos Conhecimentos adquiridos nas áreas das Ciências Biológicas, Zoologia e Ciências Ambientais, cumprindo assim o seu compromisso com a Pedagogia e com a Educação Ambiental.


À esquerda: Espermoteca/Carpoteca botânica do Parque

À direita: Museu de História Natural do Parque

(Fotos de autoria própria)



Áreas de proteção ambiental e pesquisa científica


Demarcação entre área aberta ao público e a área voltada a preservação (Foto de autoria própria)


Ainda de acordo com o Sistema de Zoneamento da UCPEDI, a Zona de Ambiente Natural - ZAN é considerada área de proteção natural e integral. Está voltada exclusivamente para pesquisa e estudo.


A UFRPE (Universidade Federal Rural de Pernambuco), através do seu Programa de Pesquisa em Biodiversidade - PPBio, realizou recentemente um levantamento de grande relevância científica na ZAN. Nesse trabalho de campo foram identificadas 251 espécies de borboletas e 350 espécies de animais vertebrados, entre outros.


A PPBio atualizou dados sobre a microbacia local, o solo, a temperatura, a altitude e informações gerais sobre a formação vegetal e sua biodiversidade. Essas pesquisas têm contribuído para a formação acadêmica, através de convênios da UC com as universidades.


É importante salientar duas outras zonas constituintes do Sistema Estrutural da UC Parque de Dois Irmãos. Uma delas é a ZAE - Zona de Atenção Especial, que está relacionada a segurança da UC e com os conflitos sociais e históricos a ela relacionados. Trata portanto, da fiscalização e monitoramento do parque, coibindo invasão territorial e atividades de caça, pesca e desmatamento ilegais.


Já a Zona de Amortecimento - ZA existe para minimizar os impactos negativos externos, relacionados ao entorno do Parque. Em outras palavras, permite controlar as atividades de lazer e o monitoramento aos visitantes, estudantes e ecoturistas.


Dificuldades e planos para o futuro


Açude de Dois Irmãos: assim como o Parque como um todo, um bem precioso, que deve ser preservado (Foto de autoria própria)


De acordo com observações in loco, pesquisas e estudos realizados, pode-se constatar que a manutenção da UCPEDI não tem sido fácil desde a sua criação. É algo de se estranhar, pois desde o passado possui atribuições preservacionistas, acadêmicas, histórico-culturais e pedagógicas.

Na contra-mão da sua manutenção, muitos problemas são enfrentados pelo seu Conselho Gestor. Ao longo do tempo esses problemas vêm causando modificações negativas ao ambiente natural.


Entre as questões negativas que afetam o Parque destacam-se: a invasão, a caça, a pesca, o desmatamento e o comércio local desorganizado. Além disso, os conflitos territoriais do entorno contribuem para sua degradação. Tudo isso prejudica a importância do “Dois Irmãos” no contexto do serviço ao público.


Em 2015, um Plano de Manejo foi elaborado para fortalecer o Parque. Esse Plano, fundamental para a Criação e Manutenção das UCs, é o eixo norteador para o Conselho Gestor manter a área protegida. A partir dele, é possível o acesso da UC aos recursos financeiros da Lei de Compensação Ambiental. Espera-se com isso, condições para revitalização e preservação da Unidade de Conservação.


É de se esperar que os recursos advindos da Lei de Compensação Ambiental melhorem os serviços de segurança, de atualização e utilização de dados de estudos em benefício do Parque. Com certeza essas ações trarão eficiência para o Plano de Manejo.


É positivo acreditar que os conflitos históricos do Parque de Dois Irmãos com as comunidades do entorno podem e precisam ser resolvidos ou atenuados. É possível que uma interação mais intensa, solidária e educacional entre as partes traga benefícios para ambos.


Como reflexão, pode-se dizer que o Dois Irmãos possui recursos ambientais de importância indiscutível, e vem atendendo gerações há mais de cem anos. É realmente um Patrimônio Histórico-Cultural. Precisamos dele, agora e nas próximas gerações. O povo pernambucano quer a sua preservação.


Como visitar

Visite o Parque você também! (Foto de autoria própria)


Atualmente, o Parque Estadual de Dois Irmãos encontra-se fechado devido à pandemia, mas quando a pandemia acabar e for seguro deixar o distanciamento social, visite-o! Vá até ele, divirta-se com sua família, relaxe e aprenda, prestigiando o que é saudável e belo!


O parque está localizado na Praça Farias Neves, s/n, no bairro de Dois Irmãos, Recife. A entrada custa 2 reais, mas é gratuita para crianças com menos de 1 metro de altura, idosos acima de 60 anos e portadores de necessidades especiais. Para mais informações, ligue para 3184.7754 (telefone do Dois Irmãos).


Agradeço pela leitura deste post e espero que as informações tenham ajudado sua curiosidade. Como cantava Reginaldo Rossi: “Recife tem encantos mil, é um paraíso tropical, tem um acervo cultural”.


Para saber mais sobre essa cultura tão rica, acesse nossos posts:



  • Obras paisagísticas de Burle Marx em Recife. Como manter e valorizar a exuberância dessa arte?: Parte 1 e Parte 2



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Fontes


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  • MACHADO, I.C.; LOPES, A. V.; PORTO, R.C. Reserva ecológica de Dois Irmãos: estudos em um remanescente de Mata Atlântica em área urbana. Recife: Ed. Universitária/UFPE, 1998





  • SORRENTINO, M. et al. Educação Ambiental e Políticas Públicas: Conceitos, fundamentos e vivências. São Paulo: Editora Appris, 2013.



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