Prevenção na pandemia: é hora de continuar "florescendo o cuidado"
- Orlando Menezes
- 11 de jan. de 2021
- 9 min de leitura
A pandemia infelizmente ainda não acabou, mas devemos continuar fazendo o necessário para nosso bem e o bem do próximo

Amigos (as) leitores (as), saúde e paz para todos (as)!
Estamos mais uma vez juntos através desse post lidando com outro assunto de grande importância para todos nós. Conversaremos sobre saúde e prevenção, temas que foram muito falados no último ano.
A pandemia da COVID-19 e seu impacto
Em dezembro de 2019, os meios de comunicação do Brasil noticiavam com preocupação uma epidemia viral na China, que tomava corpo nesse país e já começava a se alastrar por outras nações.
No início do mês de março de 2020, a ONU (Organização das Nações Unidas) declarava que o novo coronavírus, causador da doença surgida na China, já havia alcançado o mundo, o que caracterizava uma pandemia. O Sars-Cov-2, como é chamado pelos cientistas, causava nos seres humanos um quadro de sintomas característicos da maioria das gripes com gravidade progressiva e culminância de morte.

No Brasil, os primeiros casos da doença foram notificados de forma oficial no começo do mês de março, logo após o carnaval, o que desencadeou um começo de preocupação iminente.
A capacidade de contaminação do vírus da COVID-19, nome da doença da qual falamos, mostrou-se no Brasil e no mundo um assunto preocupante para os órgãos internacionais de saúde. Assim, o ser humano e a ciência iniciaram a luta na busca de conhecimentos sobre o agente causador e os sintomas da COVID-19. Afinal iniciava a corrida contra o vírus, a doença e a morte das pessoas.
Com o crescimento progressivo da pandemia, medidas socioeducativas foram tomadas como forma de contenção do crescente número de pessoas infectadas e mortas. Algumas dessas medidas preventivas foram: o isolamento familiar preventivo e a quarentena de observação, no caso de pessoas infectadas.
Outras medidas também se tornaram importantes para preservar a vida e conter a propagação da doença. Fomos bem orientados a fazer com mais empenho uma coisa muito simples: lavar as mãos corretamente com água e sabão ou álcool 70.
Também nos conscientizamos sobre a necessidade de manter um certo distanciamento interpessoal evitando aglomerações, uma medida inusitada, porém, fundamental. Também foi necessário que agregássemos aos nossos hábitos diários o uso de máscaras de proteção.
Na época, concordamos com todas as medidas preventivas adotadas. Embora tivéssemos algumas ressalvas em relação a elas, entendemos que precisávamos cuidar melhor da nossa saúde e da saúde da nossa família e amigos. Com isso, pagamos o preço de mudar nossos hábitos e relacionamento social.
O tempo passou e uma parte considerável da população fez a sua parte. Acreditamos no conhecimento científico, na orientação dos órgãos públicos de saúde e na seriedade do trabalho dos órgãos de imprensa. Fomos inteligentes, coerentes e tivemos respeito social. Com fé, esforço e cuidados, quase chegamos ao fim da pandemia.
Infelizmente, de acordo com a ciência, o poder de contágio do coronavírus é maior do que a capacidade natural de defesa de grande parte da população. A princípio os idosos foram apontados como a faixa de maior risco à contaminação pelo vírus. Se anexou a isso a condição de vulnerabilidade causada por fatores clínicos como imunidade baixa, diabetes e pressão alta.
A situação dos idosos se confirmou com o tempo, embora muitos tenham escapado da contaminação ou se recuperado dos sintomas progressivos da COVID-19. Aos poucos, as estatísticas mostraram que outras faixas etárias, como jovens e crianças, também eram vítimas da doença.
Nós brasileiros, após nove meses de cuidados e respeito social, não pudemos comemorar o fim da pandemia no Natal ou no início do Ano Novo. Será que poderíamos ter feito melhor a nossa parte nas medidas preventivas durante os meses passados da pandemia?

Acredito que vale a pena lembrar de dois parágrafos do primeiro post do blog sobre o tema, recomendado a todos no início da pandemia:
“Em reflexão, precisamos entender que a segurança e saúde de cada um de nós é mais importante do que qualquer festa. Se continuarmos com esse raciocínio, poderemos festejar em família o São João, e os feriados de setembro e outubro.”
“Se agirmos com prudência durante a pandemia, seguindo todas as medidas preventivas, certamente estaremos vivenciando o Natal a partir da 6ª com a família, parentes, e amigos, com direito a abraços e muita alegria. Após o Natal, teremos a satisfação de entrar em 2021 fortalecidos para um ano novo melhor.”
Infelizmente o desejo/previsão não se concretizou. Em vez disso, estamos vendo as estatísticas mostrarem um novo aumento do número de casos de pessoas infectadas pela COVID-19 a partir do mês de novembro.
A ciência agora se debruça no estudo de quão importante podem ser as novas versões mutacionais do vírus em relação a nós, seres humanos. Devemos, com fé em Deus, esperar que as variantes do vírus não desenvolvam agravamento dos sintomas da doença, nem facilitem o seu poder de contaminação.
Socialmente falando, temos que admitir que os governantes em geral fizeram um cronograma inteligente em relação às estratégias de controle e combate à COVID-19. Também é fato que falhas foram observadas em relação ao cumprimento das medidas preventivas.
Durante todo o período da pandemia, constatamos no nosso dia-a-dia e também através dos veículos de comunicação que as medidas preventivas contra o contágio eram descumpridas por muitos, tanto no Brasil quanto no mundo. Esses fatos mostram que estamos perdendo um aliado importante na guerra contra o coronavírus: a conscientização pessoal.
Para o assombro de todos a notícia da retomada do crescimento de casos na pandemia recomeça a mexer com nossas mentes e os nossos sentimentos. Para quem já passou por perdas de entes queridos e por longos meses aprisionados socialmente, com prazeres controlados e comunicação limitada, a preocupação com o futuro volta a ocorrer.

Amigos e amigas, infelizmente ainda vai demorar um pouco até podermos dar um bom dia ou abraço num amigo ou vizinho. Paciência. Futuramente sim, vamos poder nos fixar nisso. Precisamos adotar algumas atitudes sociais e evitarmos aglomerações, festas e encontros.
O momento nos remete a pensar e a auto-perguntar: por que estamos passando por essa situação? O que podemos fazer a respeito? Os conhecimentos científicos por si só, vão vencer a pandemia?
É chegada a hora de nós, seres humanos inteligentes refletirmos sobre as situações as quais nos impõe a natureza, através de um ser vivo bem menos evoluído que a nossa espécie. Será que somos culpados por ficar à mercê de um ser que, alguns nem chamam de ser vivo?
A reflexão sobre essas questões acima é muito séria. Deve ser feita por todos os seres humanos. Todos nós somos responsáveis por nossas vidas e devemos, também, respeitar a vida dos outros.
Perspectivas históricas e científica sobre doenças e vírus
O cenário pandêmico atual causado pela COVID-19, já teve precedentes semelhantes na história da humanidade. Visualizar essa relação patógeno- hospedeiro é importante.
É provável que no final tenhamos uma conclusão comum: a de que a fragilidade humana em relação à morte é um fato. Vejamos então um pouco de história das doenças patogênicas.

Peste negra: Uma bactéria, no século XIV, na Europa, foi a causadora da pandemia da peste negra (peste bubônica). É possível que a doença tenha reduzido a população mundial em 100 milhões de pessoas
Imagem de um dos "doutores" da praga

Varíola: A varíola, ou bexiga, é uma doença transmitida aos seres humanos por um vírus. Apareceu no século II d.C. No século VII, um terço da população do Japão morreu dessa doença, e em 1708, 25% da população da Islândia teve o mesmo destino. A doença foi, por fim, erradicada em 1980.
Criança recebendo vacina da varíola

Cólera: A cólera é causada por uma bactéria. Em 1817 matou no mundo centenas de milhares de pessoas. De lá para cá, muitos surtos da doença aconteceram no mundo. No Brasil, a doença infectou 150 mil pessoas, provocando 1700 mortes.
Imagem microscópica da bactéria da Cólera

Gripe espanhola: A gripe espanhola, com sintomas semelhantes à COVID-19, infectou mais de um quarto da população do planeta e provocou a morte de 40 a 50 milhões em todo o mundo durante os anos de 1918 e 1919. No Brasil, morreram 35 mil pessoas.

AIDS: A AIDS é uma pandemia ativa. Estima-se que desde a sua origem até hoje, 32 milhões tenham morrido em decorrência da Síndrome. Entre 1982 e 2018, foram infectadas 75 milhões de pessoas em todo o mundo. No Brasil 135 mil pessoas convivem com o HIV (vírus causador da doença) e não sabem. Entre 2010 e 2018 houve um aumento de 21% de novos casos.
Linfócito infectado por vírus HIV (em cor verde)
A ciência nos ensinou e a história e o tempo mostram que os vírus estão incluídos entre os microrganismos mais patogênicos do ser humano. A sua característica mutacional o coloca na linha de frente em relação a facilidade de disseminação de doenças.
No caso atual da COVID-19, é lógico afirmar que o longo tempo de circulação do coronavírus em diferentes populações de humanos induz a uma adaptação natural do patógeno. Sendo assim, a evolução estrutural molecular aconteceu a ponto de, 11 meses depois da identificação do Sars-Cov-2 na 1ª população infectada, já temos muitas variantes virais.
A ciência também nos ensinou que para nossa segurança pessoal numa pandemia é fundamental a mudança nos nossos hábitos de convivência e de cuidados de higiene. O contato pessoal é a forma mais eficiente de transmissão de doenças na espécie humana.
Devemos então saber nesse momento evitar festas e comemorações que não sejam seguras, com aglomeração de pessoas. A psicologia e a sociologia nos mostram que as relações em família também podem ser realmente divertidas e positivas, além de mais seguras.
Ironicamente ou não, devemos admitir que a partir do momento que se iniciou o relaxamento social das medidas adotadas em cada país contra o avanço da pandemia, o número de pessoas infectadas voltou a aumentar.
Paralelos com o passado: o trabalho de Osvaldo Cruz
Às vezes somos levados a pensar que a pressão popular e a política sobre os órgãos de prevenção a saúde comprometem o trabalho preciso e minucioso que eles realizam em benefício da própria população. Infelizmente não é um problema novo nem recente. A história nos mostra exemplos disso.
Falando em passado, prevenção e controle de doenças, é interessante lembrar de um ilustre médico sanitarista brasileiro chamado Osvaldo Cruz.
Osvaldo foi um médico pioneiro que nos anos 1900 dedicou-se ao estudo de doenças infecciosas e parasitárias. Esse especialista em microbiologia, soroterapia e imunologia destacou-se no combate a epidemias como a varíola e a febre amarela.

O Brasil, no passado, contou com Osvaldo Cruz e seu conhecimento em relação à prevenção e controle de doenças como a COVID-19 de hoje. Utilizando métodos inovadores como o usados ainda hoje como isolamento de doentes, notificação compulsória de casos e desinfecção de casas, salvou muitos brasileiros da morte e da doença.
Apesar de todo esse trabalho positivo, Osvaldo Cruz contou com a incompreensão do povo e a falta de confiança e de apoio de médicos e políticos. Na época em que atuava, achavam suas medidas sanitárias exageradas, uma opinião também propagada atualmente no contexto da COVID-19. Apesar disso, conseguiu reduzir drasticamente os casos de febre amarela e contribuiu para a extinção da peste bubônica.
Conseguiu, embora tardiamente, os créditos pelo grande trabalho. Convenceu as pessoas a buscarem a prevenção através da vacinação em massa contra a varíola em 1904.
Será que qualquer semelhança com o presente é mera coincidência? Ou é um problema socioeducacional se repetindo no mesmo país, 120 anos depois?
Infelizmente, constatamos hoje que o conceito de prevenção não é compreendido por uma grande parte da população do Brasil e no mundo. Esse conceito de proteção prévia não é levado a sério por muitas pessoas e assim, elas deixam de cumprir as medidas de prevenção sugeridas por quem entende do assunto.
Não apenas no caso da COVID-19, devemos entender definitivamente que os microrganismos causadores de doenças existem. Sabemos que podemos nos proteger seguindo regras simples como a lavagem de mãos, o uso de máscara e o distanciamento social. Em outras palavras, devemos valorizar a nossa vida.
A importância da educação e da consciência no combate a pandemia

Não é preciso ser sociólogo para entender que vivenciamos no Brasil mais um problema influenciado pela questão educacional.
A ciência estuda e divulga o conhecimento adquirido e esse conhecimento é socializado em benefício da população. Muitas pessoas entendem e respeitam, mas outras não entendem ou não aceitam as informações. Com isso, nem todas as regras são respeitadas por falta de consciência ou por incompreensão social.
A inconsciência e/ou incompreensão comprometem muito o uso do conhecimento científico e o trabalho de risco dos profissionais da saúde. Por outro lado, desrespeitam as pessoas conscientes que seguem todas as regras básicas para evitar o contágio interpessoal da COVID-19 e de outras doenças.
Nos resta esperar que todos assumam o mesmo nível de informação e conscientização sobre essa pandemia que afeta hoje todos os seres humanos. Esperamos também que o respeito interpessoal e o amor próprio predominem. Isso com certeza fará a diferença na luta contra os vírus e outros micro-organismos patogênicos.
Vivemos um presente difícil, mas se agirmos com prudência e inteligência, certamente teremos grandes possibilidades de voltar a comemorar nosso rico calendário histórico-cultural-religioso.
Com Fé em Deus, na ciência e na compreensão humana, sabemos que a pandemia passará. Infelizmente, deixará rastros como uma tempestade. Com mais essa tempestade aprenderemos muito e talvez passemos a viver um novo normal.
Sabemos que não será possível esquecer as consequências da pandemia, das famílias desfalcadas de pai ou mãe, de irmão ou irmã, filho ou filha, avô ou avó. Sentiremos a falta daquelas com quem compartilhamos carinho e amor. Com certeza o aprendizado nos fortalecerá para enfrentarmos um futuro incerto.
Agradeço pela paciência na leitura de mais esse post. Paz e bem para todos!
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